Capítulo 1
Missy
— Quem é essa, João? — perguntei abalada.
A mulher loira de olhar dissimulado e lábios vermelhos no colo dele não se moveu, continuou sugando seu pescoço enquanto ele tentava se defender.
— Mi Missy? Achei que só chegaria amanhã — disse ele entre os gemidos.
Uma mistura de vergonha e raiva me fizeram corar, não entendia como João poderia estar me traindo, estávamos juntos há quase dez anos e eu o conhecia a vida toda, aquilo só poderia ser um sonho, um pesadelo na verdade, mas não era, senti meus olhos se encheram e quando percebi que todos na festa me olhavam, quis correr, mas o ódio era maior e fez meu corpo ferver, eu não aceitaria ir embora sem antes fazer João sentir o mesmo que eu, sem antes me vingar.
A essa altura eu já não ligava se todos me olhavam, vasculhei toda a festa, havia muitos homens bonitos, mas não era o que eu estava procurando, eu queria o melhor, queria alguém melhor que o João, e a resposta veio, tinha 1,90 de altura, os olhos azuis e de longe notei seu olhar penetrar meu corpo como um tiro, ele tinha acabado de chegar e era perfeito.
48 horas antes...
— Você acha uma boa ideia minha filha? — perguntou minha avó preocupada enquanto me via arrumar a mala.
— Claro vó. O João sempre adorou surpresas, lembra quando a gente era criança, ele faltava pular quando eu levava bolo no recreio sem avisar.
— Eu sei, eu sei — respondeu ela ainda desconfiada — mas ele já não é mais moleque né Missy, depois que foi para São Paulo então, ele mal liga para os pais dele, eu só tenho medo de que ele não seja mais o mesmo e acabe machucando você.
— Vó — eu respondi enquanto a abraçava — a senhora não tem com o que se preocupar, eu conheço o João desde pequeno, ele foi corajoso de ir atrás de uma vida melhor para nós e agora eu vou fazer o mesmo, mas fica tranquila, eu volto para buscar a senhora assim que me estabilizar, como é o nosso combinado.
Minha avó me abraçou forte e nós duas desabamos a chorar, não era a primeira vez que chorávamos juntas, mas foi a última. Terminei de arrumar minhas coisas e fui para a rodoviária. Seria uma viagem longa, mas valeria a pena, ou pelo menos eu pensei que valeria.
Presente
Quanto mais perto eu chegava, mais perdia o controle sobre minhas pernas. Tentei focar em algo incomum nele, e não foi difícil, ele não parecia ter mais de 30 anos, mas tinha os cabelos brancos, como aquilo era possível? Seu olhar não era bondoso, na verdade me dava medo, mas um medo hipnotizante, ele segurava um copo com força e as veias do braço saltavam, por algum motivo aquilo me deu um frio na barriga, enquanto eu o analisava ele me notou, droga! Eu ia mesmo fazer isso? Com um desconhecido? Na frente de um monte de gente? Sim eu ia, já havia perdido tudo, o meu sonho de dar uma vida melhor para minha avó e o príncipe dos meus sonhos. Não importava o que eu fizesse, não podia ficar pior.
Ele me olhou desconfiado enquanto eu me aproximava, meu coração estava na boca e ele parecer um deus grego não ajudava nada. Me sentei ao seu lado, seus amigos saíram e ele deu um sorriso sarcástico.
— Como posso ajudá-la? — perguntou ele me analisando dos pés à cabeça sem disfarçar.
Meu estomago revirou eu não sabia o que dizer, nunca paquerei alguém antes, João foi meu único namorado e com certeza nunca havia conhecido alguém como esse homem.
— Eu, eu — comecei meio perdida.
— Você? Você? — ele sorriu e tomou um gole da bebida — quer um drink?
Antes que eu pudesse responder, ele levantou a mão e um homem de terno apareceu.
— Pois não, senhor?
— Um Moscow mule, por favor.
— Claro, senhor.
— O que seria esse Moscow? — perguntei confusa.
Ele sorriu novamente e achei que estivesse rindo de mim, antes que eu pudesse contestá-lo, suas mãos grandes seguraram meus joelhos, gelei e o encarei.
— Você não é muito de beber, é? — perguntou ele.
— Eu...
A bebida chegou e eu ainda não havia conseguido falar mais de cinco palavras.
— Você — ele riu — não conhece outras palavras?
Eu quis me levantar, mas ele apertou meus joelhos.
— Beba — ele ordenou em um tom suave.
Eu virei a bebida sem pestanejar, só queria sair dali e me enfiar em um buraco, ele sorriu novamente, mas dessa vez ele se levantou e me levantou me segurando gentilmente pelo braço, achei que fosse me expulsar, mas fomos para o lado contrário da saída, era um corredor afastado perto dos banheiros, mas o que ele qu... eu me atrapalhei e cai em cima dele derrubando toda sua bebida.
Ele me encarou abismado, com uma mistura de ódio e surpresa em seu olhar, eu corei de vergonha, mas nenhum de nós se mexeu, a tensão pegou ambos de surpresa. Eu estava tão perto que conseguia ouvir seu coração, batia tão rápido quanto o meu, ele encarou minha boca e sem nem perceber, meu corpo foi puxado para mais perto, como um imã, a sua respiração era excitante, e os seus olhos apaixonantes, nesse momento João nem passava pela minha cabeça. Como se ele tivesse se decidido, me beijou, sua boca era macia e diferente do olhar, era gentil, seu gosto era doce e fazia com que eu me sentisse viva, mas após alguns segundos ele se afastou, meu olhar era de suplica, ele sorriu envolvendo minha cintura, seu corpo era quente, o hálito alcoólico fez minha nuca arrepiar, mas o beijo, o beijo me fez perder o ar, nunca havia sido beijada daquele jeito antes, era como se nos conhecemos, como se falássemos a mesma língua. Pela primeira vez na vida minha mente desacelerou, a música, as conversas, meus problemas, nada importava, só existia nós dois.
Capítulo 2
Miguel
— Seria muito importante para mim se você fosse — continuou o magricelo.
Era muita audácia desse rapaz, não estava nem a três meses na empresa e já estava na minha sala exigindo minha presença em uma de suas festinhas.
— Vai ser uma despedida de solteiro — disse ele por fim.
— Você vai se casar? — perguntei admirado.
Nunca fui de fofocas, mas o que mais comentavam na sala de descanso era que esse novo rapaz, João, estava ficando com todas as garotas da empresa. Longe de mim julgar, eu amo o sabor das mulheres, mas nunca as que eu trabalho, aprendi do jeito mais doloroso a não misturar trabalho com prazer.
— Não senhor — respondeu ele rapidamente — mas minha namorada vai vir morar comigo.
— Entendo — respondi sem muito entusiasmo — eu vou dar uma olhada na minha agenda e se dar apareço, tudo bem?
João abriu um sorriso enorme e eu assenti para que ele saísse da sala. Quando pensei que teria um momento de descanso, Caio apareceu na porta.
— Preciso de uma nova secretaria urgente — reclamei — toda vez que tento focar no trabalho entra um penetra de surpresa, não passa pela cabeça dessa mulher que eu possa estar ocupado?
Caio sorriu e entrou.
— Não sei de quem você está falando, brow, não tem ninguém ali na recepção.
Bati com a testa na mesa.
— A onde ela se meteu agora? Como pode ser tão difícil arranjar uma secretaria boa hoje em dia? Eu pago bem, não dou trabalho, a única coisa que peço é um pouco de paz.
— Você reclama demais Miguel — disse ele se sentando em minha mesa.
Caio é o meu melhor amigo e o único que eu tolero por mais de dez minutos em uma sexta feira.
— Então o garotão já veio te convidar?
— Garotão? O novato idiota?
— Dizem que ele está fazendo um bom trabalho no TI.
— Também dizem que ele está passando o rodo em todas as garotas daqui.
— Vai bancar o moralista Miguel? Você pega mais mulher que o Neymar em um cruzeiro, cara.
— O problema é que eu não tenho namorada, ele parece ter.
— O que é isso em? Mostrando empatia por uma desconhecida? É você mesmo?
— Cala a boca — respondi irritado empurrando-o da mesa — me dê um motivo para eu ir em uma festa com as mesmas pessoas que vejo todos os dias?
— Vou ficar te devendo — implorou ele.
— Tudo bem — respondi contrariado — trinta minutos no máximo, entendeu.
— Valeu cara — disse ele animado — é hoje que eu pego a ruiva do RH.
— Cara — comecei rindo — é por ela que quer ir? Meu Deus Caio, ela é do RH, se manca.
Ele não me respondeu, mas saiu sorrindo e satisfeito da minha sala.
Chegamos atrasados, mas não me importei, nem ali eu queria estar. Assim que eu passei pela porta, uma mulher do outro lado da festa me encarou como se me conhecesse, eu a encarei de volta, isso deixava as mulheres tímidas, mas ela continuou a me analisar e depois começou a caminhar na minha direção, meio perdida, mas com um olhar ousado. Pedi uma bebida e esperei.
— Quem é aquela? — perguntou Caio.
— Não faço ideia, ela não parece ser daqui — disse Diego, um colega de Caio, se sentando ao nosso lado.
— Escutem — falei — assim que ela chegar quero que vocês saiam.
Caio riu.
— Como sabe que ela vai vir falar com você?
— Eu sei — respondi sério, ninguém contestou.
Quanto mais perto ela chegava mais ela me intrigava, as roupas que ela usava a suavidade das suas curvas e os cabelos destoavam das outras mulheres. O vestido era justo, porém ia até os joelhos, dando espaço para minha imaginação. Seus cabelos, diferentes dos alinhados que eu era acostumado a ver nesse tipo de festa, estavam soltos, arrepiados e sem penteado algum, eram rebeldes e volumosos de um jeito sexy, como se tivesse acabado de acordar, ela exalava selvageria, como uma leoa, mas ao mesmo tempo parecia frágil. Outros homens a encaravam, mas ela só tinha olhos para mim, isso me intrigou.
Nunca fui abordado por uma mulher, Jasmin, minha última namorada, dizia que eu tinha um olhar muito intimidador e lhes dava medo. Pensando bem aquela mulher selvagem parecia estar assustada.
— Saiam — foi o que eu consegui dizer segundos antes que ela chegasse.
Ela ficou me encarando, tentando formar palavras e depois de alguns minutos percebi que o nervosismo não deixaria que ela tomasse iniciativa. Mas era engraçado ver ela ficando nervosa, toquei seu joelho e a senti paralisar, quis rir, mas mantive o sorriso, depois que ela virou a bebida senti o arrependimento em seu olhar, ela funcionava ao contrário? Nunca me esforcei muito por uma mulher, mas senti que ela teria um sabor diferente e não podia ir embora sem prová-la.
A levei para um canto mais tranquilo, não era o planejado, mas ela parecia estar assustada e intimidada com o lugar, o que de certa maneira era adorável. Mas antes que eu pudesse oferecer outra bebida ela tropeçou nos próprios pés e caiu em cima de mim, derrubando meu whisky doze anos na minha camisa preferida, num primeiro momento quis empurra-la, mas seu rosto estava tão perto do meu, aquela boca grossa entreaberta, os olhos cor de mel tão perdidos e hipnotizantes, sem pensar eu a beijei, era a última coisa que eu queria ter feito, mas só me intrigou mais, a boca carnuda, a língua tímida a pele suave e os cabelos rebeldes me fizeram querê-la para mim, me afastei analisando, seu olhar que agora era de desejo. A peguei no colo e a beijei novamente, de forma mais intensa, meu coração estava acelerado e minha pele ardia, eu estava tão fora de controle que nem parecia eu mesmo.
— Missy? — era uma voz familiar.
— João? — ela respondeu surpresa.
Olhei para trás e vi João, o magricelo da empresa, me encarando e prestes a me dar um soco. Eu sorri, essa noite estava mais divertida do que eu havia imaginado.
Como Missy vai reagir após ser traída por João, o amor de sua vida? E quem é o misterioso homem que promete virar seu mundo de cabeça para baixo? Descubra o que acontece quando Missy decide tomar o controle de sua própria vida em uma noite que promete mudanças explosivas.
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